LANÇAMENTO DE LIVRO
Autora: Eugénia Vasques
Coordenação da Coleção Biografias do Teatro Português: Maria João Brilhante e Ana Isabel Vasconcelos
Editora: TNDMII/TNSJ/IN-CM
EXCERTO DA INTRODUÇÃO
“Este oitavo volume da coleção é dedicado a António Pinheiro, unanimemente considerado «um grande homem de teatro». Para além das diversas personagens que interpretou ao longo de mais de cinquenta anos, foi também ensaiador, diretor de cena, marcador de peças, tradutor e ainda metteur‑en‑place. O desempenho desta última função aproximava‑se do trabalho do encenador, mas ainda não correspondia completamente à aceção moderna do termo, que só nos anos 50‑60 viria a ser uma realidade entre nós. Com o advento do cinema, Pinheiro ainda se arriscou por esta nova arte, participando como ator, adaptador de argumentos e diretor de atores.
Já com uma vasta experiência nas lides teatrais e depois de passar por vários palcos e diversas companhias, em Portugal e no Brasil, é contratado como professor da Escola de Arte de Representar, um ramo do Conservatório, assim designado depois da implantação da República. Docente da cadeira de Estética e Plástica Teatral, pelas suas aulas vão passar várias gerações de atores e atrizes que se lhe referem como «o mestre», a quem colegas e gente do meio teatral reconheciam «uma cultura geral e uma preparação especializada absolutamente invulgares». Este perfil de excelência de António Pinheiro é‑nos apresentado por Eugénia Vasques, autora desta biografia, que nos guia pela vida do biografado, sempre acompanhada de documentos coevos, cujo conteúdo vai partilhando com o leitor.
O pioneirismo de Pinheiro na luta associativa é enaltecido num dos primeiros capítulos da presente obra. Eugénia Vasques revela o empenho evidenciado na criação da Associação de Classe dos Artistas Dramáticos (1908), organização com fins abrangentes, que incluem e compatibilizam a defesa dos interesses económicos, artísticos, morais e materiais dos associados com a luta pela «dignificação do teatro como arte». É neste espírito que vai ser concebido e posto em prática, no seio da Associação, um Curso Livre da Arte de Representar, cujo plano curricular é reproduzido e contextualizado pela autora, que sublinha o seu caráter inovador e vanguardista, sobretudo quando comparado com a reduzida e paupérrima formação então oferecida pelo Conservatório Dramático. As reivindicações e iniciativas da Associação, aqui largamente explicadas e contextualizadas, favorecem a perceção da presciência que Pinheiro e alguns dos seus companheiros tinham relativamente à necessidade de modernização quer das práticas quer do ensino do teatro em Portugal.
No fundo arquivístico da Biblioteca da Escola Superior de Teatro e Cinema, Eugénia Vasques identificou um manuscrito inédito de António Pinheiro, datado de 1941, e que vai aqui ser, em vários momentos, convocado. Trata‑se de uma volumosa cópia de textos já conhecidos, onde se incluem as obras que publicou entre 1909 e 1929 e que constituem um conjunto de teor memorialista de grande proveito para a recuperação do percurso de vida do autor, do seu pensamento sobre a arte teatral, dos momentos de glória e dos «desertos teatrais» por que passou, dos amores que viveu, e até para se perscrutar a imagem que quis de si registar para a posteridade.
Como está plenamente documentado ao longo deste texto, António Pinheiro marcou indelevelmente o seu tempo. As suas múltiplas competências e grande versatilidade, aliadas a um persistente empenho, a um elevado profissionalismo e a uma profunda consciência cívica são aqui patenteados por Eugénia Vasques, num discurso claro, rigoroso e assertivo que não deixa dúvidas sobre as fundamentadas razões por que Pinheiro merece um lugar de destaque na memória do teatro em Portugal.”
Maria João Brilhante e Ana Isabel Vasconcelos
Entrada Livre
Confirmação: Não necessária